O programa Linha Direta voltou a ser exibido pela emissora rede Globo, após 15 anos da sua última edição na TV. A reestreia exibiu no inicio seus 3 apresentadores, narrado pelo mais novo âncora, Pedro Bial. Todas as quintas serão exibidos dois casos, na primeira parte mostrando todos os lados de acontecimentos polêmicos e na segunda parte, casos com os foragidos da justiça, seguindo o formato antigo de responsabilidade social, onde os telespectadores ajudam na captura ligando e denunciando às autoridades policiais.
O caso Eloá, minado por erros de duas instituições, foi o primeiro da nova temporada. No início, eram 4 reféns, dois homens e duas mulheres. Três foram sendo liberados ao longo das 100 horas de sequestro, primeiro os dois homens em momentos diferentes e depois a Nayara, ficando por um período apenas a Eloá e o Lindemberg, seu ex e sequestrador.
A edição de ontem, 04, contou com a participação de um dos sobreviventes e da vizinha amiga da família, quando tudo aconteceu. Em uma das partes da exibição, o promotor entrevistado pelo Bial teceu críticas pela conduta da mídia, em específico Sônia Abrão, apresentadora do “A tarde é sua” da Rede TV. Ele conta que a polícia já tinha feito toda a negociação e o sequestrador, ex-namorado da vítima, havia concordado em se entregar para a polícia. A Sônia, ao vivo no seu ofício, fez uma ligação pro sequestrador e bateu um papo com ele. Dentre os absurdos, ela tomou o espaço de negociação e pedia para tudo terminar bem e ele se entregar à polícia. Tal ato deixou o rapaz dominando a situação, levando a crer ser o centro das atenções nacional naquele momento. A apresentadora até mencionou torcer para eles se casarem e terem um final feliz. O promotor também incluiu o erro da mídia em mostrar o passo a passo do planejamento policial na TV e em tempo real, tornando o cárcere privado um verdadeiro reality show.
Outra apresentadora, a Ana Hickmann, se pronunciou através de nota a imprensa, por ter pedido ao vivo para o sequestrador ou uma das duas garotas acenar com a mão pela janela do cativeiro. A assessoria dela disse:
“A apresentadora reconhece a atitude errônea que cometeu na época e pede desculpas para as vítimas e suas famílias”
Junto dos veículos de informações, também foram duramente criticadas as instituições policiais pela sequências de erros. O maior deles foi autorizar a ida sozinha da Nayara até a porta, a pedido do Lindemberg. A refém liberada voltou e ficou presa junto com eles no apartamento até o final. Terminou tudo com a invasão da polícia, Nayara ferida sem risco de vida, Lindemberg preso e a Eloá levada as pressas para o hospital alvejada com um tiro na cabeça. Poucos dias depois em coma e com quadro gravíssimo de saúde, foi noticiado a morte cerebral na coletiva de imprensa.
A Nayara foi entrevistada pelo Fantástico ainda no mesmo ano do ocorrido e falou sobre os tiros disparados dentro do apartamento. De um lado a polícia alegando ter invadido, após ouvir disparos vindo de dentro do imóvel, do outro, a Nayara confirmando não ter tido tiro nenhum antes da invasão.
A justiça condenou o Lindemberg a 99 anos de reclusão, diminuindo a pena para 39 anos, menos da metade da primeira sentença. Nesses 15 anos depois do caso, ele foi diagnosticado com laudo psiquiátrico antissocial, tornando assim, perigo para a sociedade. O processo evoluiu para o semiaberto, contudo, vetado pela justiça, devido ao quadro clínico do rapaz.