Observando a cena política do Rio Grande do Norte, percebe-se que a maior parte dos grupos políticos, são apenas grupos eleitorais, que prepararam projetos de poder roubustos, de 20 e até 30 anos. Mas ao que parece, esqueceram que iriam envelhecer.
É bem verdade também que na contramão deste comentário há uma exceção que é o PT. Que mesmo convivendo com as subdivisões internas, apresenta expoentes jovens com protagonismo na política municipal, estadual e ocupando importantes espaços de poder.
Mas voltando ao comentário que fundamenta esse texto: Precisam rejuvenescer a maior parte dos grupos políticos do RN. E não é por que envelhecer seja uma coisa ruim, ao contrário, a maturidade só traz benefícios, mas é que sem juventude falta-se longevidade e a ausência dela, meus amigos, se perdem as ideias.
Em 2018, atuando como roteirista publicitário na campanha estadual, criei peças para um notório político potiguar, que apresentava aquela candidatura como a última campanha de sua vida. Se tratava de Geraldo Melo, candidato ao Senado após uma longa e memorável vida pública, sem distorção da realidade, ele enxergava tudo aquilo como oportunidade. E naquele processo de criação, S. Geraldo me disse que não seria necessário que elaborasse os seus textos, apenas apresentasse as ideias e, dessa forma, a sua fala sairia para o eleitor com muito mais intenção e do fundo do coração. Era o maior orador do Estado. E nesse processo, numa campanha de despedida de quem já foi Governador, Senador e queria servir mais, chegamos a uma frase: os sonhos não envelhecem.
Geraldo consentiu e gostou, usou a ideia de maneira fidedigna ao que apresentei e, no seu último guia eleitoral, a sua despedida da vida pública, emocionado repetiu ‘as ideias permanecem, afinal, os sonhos não envelhecem’. Ao desligar a câmera da última gravação de sua última campanha, ali onde foi seu palácio de governo e hoje funciona a Pinacoteca do Estado, o senador se vira em minha direção e prossegue: “Os sonhos não envelhecem, os políticos sim”. Ele quis fazer uma anedota, mas me presenteou com uma reflexão.
E sem me contaminar pela emoção daquele momento, mas refletindo sobre a inteligência daquele senhor que logo depois enfrentou a sua última batalha, para a qual ele entregou a vida, me questiono do quê adianta lutar tanto tempo por uma bandeira, galgar grandes espaços, angariar milhões de votos nas urnas, defender tantas causas, resolver grandes questões e, no final da batalha, não possuir gente jovem suficiente em sua volta para manter as suas ideias e ideais?
É bem verdade que na política não há lacunas, os espaços se preenchem. Mas a questiono sobre gente que admiro, que tem legado, que faz história. Se eu pudesse refletiria com eles: “Quem fará a sua ideia permanecer aqui, quando você não mais estiver?”
Após discorrer tudo isso, apresento a informação que todo político em atuação já deve saber: 2024 será a eleição com o maior protagonismo do eleitorado jovem. Mais do quê qualquer outra, desde 1960. E concluo: Onde o jovem se enxerga nesse cenário? quando o jovem observa todo esse cenário político, observa os personagens, os protagonistas do nosso quadro e os que estão a sua volta, onde o eleitor que vai decidir a eleição, cria uma identidade? Talvez, a logenvidade política se faça com a existência de novos quadros.
Pense nisso!
2 Comentários
texto muito bom.
fica aqui esses questionamentos
o que leva a ter essa simpatia pelo PT ? a devoção comunista que fracassou na Alemanha com a queda do muro de Berlim? o fim da União Soviética? o fracasso da economia na Venezuela, Argentina…Cuba ? a revolução que acabou com o comunismo na Polônia, republica Tcheca …Romênia?
quais são os beneméritos desses citados expoentes jovens do PT? Fátima? Mineiro? Natália Bonavides? Isolda?
Pense e responda
Caro Luiz Eduardo,
Eu não vi essa “simpatia pelo PT” que você comentou. Leo só reconheceu que o PT formou e elegeu lideranças jovens. Nada mais. E tenho certeza de que ele tem uma visão de mundo muito mais moderna do que esses exemplos que você mencionou.
Em Natal e no RN, eu concordo que a gente precisa dar voz aos jovens, para que eles compartilhem seus desafios e suas ideias. E dar incentivos, para que eles possam estudar, trabalhar e, acima de tudo, sonhar.