Cuidar de crianças com deficiência não é uma tarefa fácil. Pensando nisso, o Laboratório de Estudo de Gênero e População (LAEGEP/UFRN) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN (PPgDEM/UFRN) promove, nos dias 19 e 26 de abril, a roda de conversa Mulheres que cuidam de crianças com deficiência. As inscrições são gratuitas.
Entre os temas, a sobrecarga de trabalho, os cuidados e impactos nas famílias.
Nesta sexta (18), a partir das 14h a roda de conversa contará com a presença de mães de crianças com síndrome de Down e acontece na sala de seminários do Departamento de Estatística (DEST/UFRN), localizado no Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET/UFRN).
Já no dia 26, a ação se realiza no espaço da Associação dos Pais e Amigos dos Autistas do RN (APAARN), em Lagoa Nova.
O roda de conversa faz parte do estudo do trabalho doméstico não remunerado. O conceito abrange os cuidados com pessoas que demandam atenção especial para realizar suas tarefas cotidianas e autocuidado, como crianças, idosos e pessoas com deficiência.
Brenda Patriota, discente do doutorado em Demografia e pesquisadora do LAEGEP, reflete que, tradicionalmente, o trabalho reprodutivo e não remunerado é visto como um papel a ser exercido por figuras femininas. “Assim, as mudanças ocorridas na sociedade que proporcionaram às mulheres maior acesso ao mercado de trabalho e escolaridade, parecem estar estagnadas no âmbito domiciliar”, comenta.
A doutoranda relata ainda que quando se trata de mulheres que cuidam de crianças com deficiência, o tempo dedicado aos cuidados se prolonga por toda a vida. A assistência que o filho carece se estende por tempo indeterminado. “Logo, as mudanças na vida delas extrapolam as esferas da vida. É o trabalho remunerado que precisou ser deixado de lado, colocando-a em situação de dependência econômica; os amigos que somem e dão lugar à novos amigos que compartilham das mesmas angústias; a falta de uma rede de apoio adequada”, declara.
Todos os fatores citados contribuem para a sobrecarga de trabalho da mulher que cuida de uma criança com deficiência, já que as inúmeras demandas recaem quase que exclusivamente sobre elas. “Com isso, cada vez mais cuidadoras apresentam quadros de adoecimento físico e mental, o que torna essa pauta um ponto importante na discussão da política nacional de cuidados”, diz Brenda.