Há uns meses entrou em moda o Metaverso, com os avatares de pessoas reais em diferentes estilos e planetas, através do app Lensa. Agora, chegou às trends o ensaio por Inteligência Artificial com o Remini – app antes famoso por restaurar fotos, atualmente mais conhecido por ‘transformar’ pessoas. De repente, o feed se encheu de imagens bonitas geradas artificialmente, capazes inclusive de simular gravidez, músculos pelo corpo e, sim, supostos filhos! Tudo baseado nas fotos enviadas dentro da plataforma. Realmente, é atrativo, curioso. E pode ser até… engraçado!
Diante da trend, em um grupo local de fotógrafos, entrou em pauta: “Precisamos de um plano B”.
A preocupação faz sentido… afinal, os clientes passaram a “fazer” ensaios em poucos minutos deitados no sofá de casa, apenas subindo algumas selfies em um aplicativo. E mais: parecem bem satisfeitas com o resultado – tem quem use as fotos até em perfil. Tem resultados até bons, vai! Já outros com 3 dedinhos a menos ou um braço a mais…
Eu, como fotógrafa, arrisco justificar o sucesso disso muito pela moda e pelo interesse gerado por pura curiosidade. As pessoas se deparam com uma possibilidade na palma da mão e pensam: “Como eu ficaria? Como seria se eu estivesse grávida? Como seria meu filho? Como eu ficaria fardada?”. Muitas situações – que podem ainda parecer distantes na realidade – estão ali, a poucos toques na tela, e de graça (já que por 3 dias não se paga). A expectativa somada à boa estética do resultado é portanto sinônimo de dar certo. E a trend se instala.
Seria então o começo de uma decadência dos fotógrafos especializados em ensaios? De estúdio? Profissionais que estão há anos no mercado nesse ramo já pensam em procurar outra vertente temendo o impacto do avanço das inteligências artificiais. E agora? (Não falo em registros documentais, como casamentos, batismos, partos, por exemplo, pq eles não entram nesse contexto).
Bem. Uma saída é se adaptar. E nadar a favor da maré.
Como fotógrafa, mas principalmente como editora de imagens, vou contar minha sensação ao me deparar com a IA nos programas de edição: felicidade. Eu enxerguei um mundo incrível de possibilidades criativas. Como amante da tecnologia, arte, imaginação e fotografia, pensei: vou explorar essa inteligência para expandir a produção artística em cima de fotos reais. Ou seja, aliar a experiência de ensaio em estúdio – a vivência é algo insubstituível – e entregar um resultado ainda mais surpreendente do que um app superficialmente pode gerar.
Foi uma conta simples. Sei que o público seria específico, mas ele existe. O próximo passo é conquistá-lo.
Quem viveu a experiência do ensaio, além de ter vivido e protagonizado o momento, se encanta com o resultado. E quem não viveu, “só” especta, mas também experimenta sensações interessantes, como por exemplo refletir, interpretar e duvidar sobre o que ali, de fato, é ou não real.
A IA me proporcionou um novo meio de expressão criativa. E aos que a interpretam, proporciona uma viagem, através da arte, de alguma forma, a algum lugar.
Portanto, a IA não substitui experiências. Ela cria novas possibilidades.